terça-feira, 13 de julho de 2010

Mudança!

Novo endereço de blog:

http://www.umabuscaincessante.wordpress.com

;)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Um sensação remota de pureza.

Tenho tentado resgatar momentos de prazer, afinal, de que vale viver se não for pra ser feliz?
Penso em como era prazeroso acordar e ver quase todos os dias o sol atrás das montanhas, sobre o mar; ou ouvir os pássaros cantando ao fim da tarde e ver a multidão de aves voando em sincronia; ou voltar pra casa depois de um dia corrido e cansativo e poder ver a lua refletida no mar; ou sair de madrugada por aí e poder deitar na garagem de uma casa qualquer para procurar as "três marias" no céu; ou sentar à beira da praia de olhos fechados só pra ouvir o marulho do mar e sentir o vento gelado batendo no meu rosto.
Pode parecer uma imagem muito idealista, mas isso tudo realmente me fazia bem. E posso dizer que essas são algumas das coisas das quais eu mais sinto falta estando em São Paulo. Às vezes eu olho pro céu e respiro fundo pra tentar "limpar" meus pulmões e esquecer de tudo. Mas não sei. Parece não funcionar como antes. Ou porque esse ar não é tão limpo quanto aquele; ou porque agora é preciso um pouco mais de ar... Ou melhor, um pouco mais do que apenas ar.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Perseguição.

23:00.
As portas do vagão se abrem. Os pés, treinados cotidianamente, andam sozinhos em direção à escada rolante do metrô. E seguiriam atravessando a rua, indo em frente, passando pela banca, pela farmácia, pelo restaurante, pela academia, virariam à direita e me deixariam dentro de casa... Se algo não tivesse chamado a minha atenção: a câmera fotográfica na mão do homem parado à minha frente, na escada rolante. A partir desse instante, diversos pensamentos invadiram minha mente, sequencialmente:

"Que legal, queria ter uma câmera dessa. O que será que ele costuma fotografar? Será que está indo fotografar alguma coisa agora? Será que pode acontecer como naquele filme Midnight Meat Train (muito ruim por sinal), onde o cara acaba fotografando um crime e se envolve numa história louca? E se eu segui-lo pra descobrir?"

Pronto. Foram segundos que me fizeram ir atrás daquele homem (que eu nunca tinha visto na vida) até o sobradinho, pensão ou seja lá o que for aquele lugar onde ele mora. Me senti como num filme policial, no qual eu era a investigadora atrás do suspeito, correndo todos os riscos de ser descoberta (hahahaha, sim, minha imaginação às vezes é bastante fértil). Enfim, o fato é que, depois que o tal homem entrou na casa, eu parei pra pensar o quão fácil é ser vigiado, e perseguido, e assaltado. É muito fácil saber da vida alheia, principalmente quando se tem uma rotina estabelecida. É certo também que, só faz isso quem não tem o que fazer - foi o meu caso hoje - ou quem tem más intenções. Como São Paulo é uma cidade bastante dinâmica e que exige o mesmo dinamismo da maioria das pessoas que nela vivem, me consolo em saber que somente aqueles que tem más intenções são candidatos a me vigiar. ;)

Infelizmente, é impossível fugir dessa situação de risco. E o metrô é uma importante fonte de informações sobre as pessoas. "Pedro: uma criança entre os 5 e 8 anos, com problemas de dicção, mas bastante comunicativa (por mais contraditório que pareça). Parece gostar de crianças, ser carinhoso e um pouco hiperativo. Sabe reconhecer as letras escritas por aí, mas nem sempre consegue falar frases que tenham algum sentido.". Esses são dados sobre essa criança que eu obtive sem fazer esforço algum: apenas estando por acaso no mesmo vagão que ela em dois dias diferentes. Isso sem contar com outras observações como "em qual estação desce, a que horas e com quem". Se eu fosse uma maníaca, poderia armar um sequestro desse menino! Mas, por sorte, isso eu ainda não sou.

Isso tudo pode parecer muito óbvio, mas, por incrível que pareça, acho que foi a primeira vez que eu parei pra pensar de fato no assunto. Nos riscos que eu corro morando em São Paulo. Se bem que, como eu acredito que o que é pra acontecer, acontece de qualquer maneira, talvez isso não me faça mudar de hábitos, apenas me deixe mais consciente da realidade que me cerca.
Resta torcer para que não haja muitas pessoas com coração ruim no mundo!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Pra que tanta opacidade?

100% transparente é algo quase (pra não dizer) impossível de ser. Mas por que a gente é obrigado a tomar cuidado com as palavras, as atitudes, as reações...? Seria tão mais fácil se fosse o contrário! Construímos uma barreira, uma parede opaca a nossa volta tentando nos proteger dos olhares alheios que nos julgam a todo momento. Essa coisa clichê de dizer que a sociedade impõe valores discriminatórios é a mais pura verdade! E o pior é que todas as pessoas saem por aí fazendo as coisas "erradas" e fingem ser politicamente corretas pra depois procurar alguém aparentemente mais podre a quem se possa apontar o dedo. Mas esse medo que temos da construção (pelas outras pessoas) de uma imagem a nosso respeito vai além e aquém do julgamento moral. O policiamento está até no fato de tentarmos esconder certos sentimentos e sensações boas. Qual o problema de admitirmos que gostamos de estar com uma pessoa? Gostar da presença não significa necessariamente querer estar junto o tempo todo da pessoa, muito menos querer privá-la da liberdade a qual tem direito. As relações interpessoais devem ser benéficas a ambas as partes, tendo como intuito principal o acréscimo de aspectos positivos às vidas envolvidas em vez da geração de mais dores de cabeça. O grande problema é que, na maioria das vezes, não agimos assim. Somos individualistas (porque o mundo exige que sejamos) e preferimos omitir do outro a totalidade de nosso ser (ou o máximo de nós que conseguimos transparecer) a fim de evitar que nos atinjam de alguma forma. Mas... Quem disse que todas as pessoas querem nos atingir? Ninguém. Nós simplesmente partimos do pressuposto de que isso vai acontecer.

Outra questão: pessoas tem receio da aproximação. E esse receio surge, novamente, da interpretação alheia. É ridículo saber que um toque pode ser visto como uma atitude maliciosa. Não se pode abraçar um amigo, tocar seu braço, suas mãos, dar um beijo no rosto sem que os outros pensem que há uma segunda intenção? Ser carinhoso é prazeroso, é rejuvenescedor.
Sem contar que a demonstração de interesse por outra pessoa não precisa ser feita por meio da aproximação. Às vezes a distância cumpre melhor esse papel. A distância que serve de fio condutor pra um olhar. Breve, tímido, constrangido e incerto.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Gurufim

"Velório para os pobres se chama gurufim. E gurufim de verdade sempre acaba em samba" (sambista Wilson das Neves)

A palavra morte, normalmente, é associada a tristeza, solidão, saudade. A ideia de que, de repente, uma pessoa presente na sua vida simplesmente "some", deixa de existir em matéria é realmente assustadora. E a reação das pessoas costuma ser negativa. No entanto, até as décadas de 40 e 50, a tradição era diferente: era realizado o gurufim (velório), no qual amigos e pessoas das comunidades pobres (principalmente do Rio de Janeiro) se reuniam e faziam uma grande festa com comes e bebes. Na impossibilidade de realizar um enterro luxuoso, o corpo era velado na própria casa da família do falecido e seu corpo colocado sobre a mesa da sala. Era feita uma arrecadação de porta em porta, na qual todos contribuíam com o que podiam. E assim a despedida do morto era feita em grande alegria a fim de que "sua alma pudesse seguir feliz até o céu".

Samba de Breque (Vinicius de Moraes)

"TAVA FELIZ
TINHA VINDO DO TRABALHO
E AINDA TINHA TOMADO
UMA PRIVAÇÃO DE SENTIDOS NO BOTECO AO LADO
QUE BOM QUE ESTAVA O CARTEADO...
O DIA GANHO
E MAIS UM EXTRA PRA FAMÍLIA
RESOLVI IR PARA CASA
E GOZAR
A PAZ DO LAR
- NÃO HÁ MAIOR MARAVILHA!
MAL ABRO A PORTA
DOU COM UMA MESA NA SALA
A MINHA MULHER SEM FALA
E NO AMBIENTE FLORES MIL
E SOBRE A MESA
TODO VESTIDO DE ANJINHO
O MANDUCA MEU FILHINHO
TINHA ESTICADO O PERNIL.

Diz meu tio que, entre horrorizado e comovido com aquela ingênua e macabra celebração do filho morto, ouviu o amigo, a pipocar lágrimas dos olhos fixos no vácuo, rasgar o breque do samba em palhetadas duras:

- O MEU FILHINHO
JÁ DURINHO
GELADINHO!"

Meu Gurufim (Arlindo Cruz) - http://youtu.be/VlCoN3Ef-Dk

EU VOU FINGIR QUE MORRI PRA VER QUEM VAI CHORAR POR MIM
E QUEM VAI FICAR GARGALHANDO NO MEU GURUFIM
QUEM VAI BEBER MINHA CACHAÇA E TOMAR DO MEU CAFÉ
E QUEM VAI FICAR PAQUERANDO A MINHA MULHER
QUANDO O CAIXÃO CHEGAR EU ME LEVANTO DA MESA
EU VOU LOGO APAGAR AS 4 VELAS ACESAS
EU VOU DIZER PRA MINHA MÃE NÃO CHORA
QUE AMIGO A GENTE VÊ É NESSA HORA

Gurufim do Cabana (Martinho da Vila)

GURUFIM, GURUFIM
CHEGOU POR AQUI
MARTIM GRAVATA
PRONTO SEU MESTRE
ESTA NOITE HOUVE UM ROUBO
ONDE?
NO QUARTO QUINZE
NÃO!

A TRADIÇÃO AFRICANA MANDA A GENTE
CANTAR DE QUALQUER MANEIRA, E QUANDO
O CABANA SUBIU, O GURUFIM DELE FOI NA
QUADRA DA SUA ESCOLA DE SAMBA, A
BEIJA FLOR DE NILÓPOLIS.
LÁ PELAS TANTAS, COMEÇAMOS A CANTAROLAR
AS MÚSICAS DO GRANDE COMPOSITOR.

TODO MUNDO JÁ SABIA
QUE ELA ME TRAÍA
SÓ EU NÃO
MAS TODO MUNDO JÁ SABIA
QUE ELA ME TRAÍA
SÓ EU NÃO
ELA ANDAVA COM PEDRO
TRANSAVA COM ZÉ
CHICO, MANÉ E JOÃO
ERA UMA COVARDIA
TODO MUNDO SABIA
SÓ EU NÃO
E QUANDO EU PASSAVA
ALGUÉM GRITAVA
O CHIFRUDO É AQUELE
LÁ VAI ELE
DESMORALIZADO SEM SABER QUAL A RAZÃO
TODO MUNDO SABIA
SÓ EU NÃO

ALGUÉM PUXOU O PREÇO DA TRAIÇÃO
ONDE EU CHEGUEI
COM OUTRO ALGUÉM EM SEUS BRAÇOS
ELA CHEGOU TAMBÉM
NOS BRAÇOS DE OUTRO ALGUÉM
FOI O MOMENTO PIOR QUE TIVE NA VIDA
NUNCA PENSEI EM PASSAR POR TAL SITUAÇÃO
SENTI VONTADE DE REAGIR, MAS NÃO PUDE
PERDI TODA A ATITUDE
E DIREI A RAZÃO
ELA ESTAVA ERRADA E EU TAMBÉM
EU NÃO TINHA O DIREITO
DE LHE CHAMAR A ATENÇÃO

ESTE SAMBA FOI CANTADO MUITAS E
MUITAS VEZES, ATÉ QUE O ANÍZIO
PEDIU E EU MUDEI

GARÇOM
PONHA A BEBIDA NA MESA
EU PAGO TODA A DESPESA
NÃO COBRE NADA A NINGUÉM
E DEPOIS
PEÇA LICENÇA AO PATRÃO
E ABANDONE O BALCÃO
VENHA BEBER TAMBÉM
ESTOU FESTEJANDO UM GRANDE DIA
DE FELICIDADE PARA MIM
POR ISSO
FAÇO QUESTÃO QUE OS AMIGOS
VENHAM BEBER COMIGO
EM HOMENAGEM AO FIM
DE TODO O MEU SOFRIMENTO
E DE TODOS OS TORMENTOS
QUE EU TIVE ULTIMAMENTE
BEBAM
EU PAGO TODA A DESPESA
ME AJUDEM A FESTEJAR
O FIM DA MINHA TRISTEZA

SE DEPENDER DE MIM
PARA VOCÊ VIVER
PODE ENCOMENDAR O SEU CAIXÃO
NÃO LHE DAREI UMA COLHER DE CHÁ
ENQUANTO EU ME LEMBRAR DA TRAIÇÃO
QUE VOCÊ ME FEZ
SEM EU MERECER
DANDO MUITO O QUE FALAR
PORÉM, NO ENTANTO
NEM DERRAMO PRANTO
QUANDO TENHO QUE ME LEMBRAR

TODO MUNDO PODIA ME FAZER
INGRATIDÃO MENOS VOCÊ
POIS EU SEMPRE TE TRATEI LEGAL
DISPENSEI-LHE GRANDE CONSIDERAÇÃO
NO ENTANTO, VOCÊ FEZ O QUE ME FEZ
DEIXANDO GRANDE MÁGOA NO MEU CORAÇÃO

E O GURUFIM SEGUIU ANIMADO POR
TODA A MADRUGADA

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sorrir é sempre uma boa opção.


"Tenho medo de pessoas que são simpáticas com os outros a todo momento. Fico pensando o que acontece quando tudo explode."
Um comentário feito para mim e sobre mim.

É difícil saber exatamente a imagem que as outras pessoas tem de nós... De repente, com esse comentário, eu tenho uma vaga noção: para muitos, sou alguém que sorri o tempo todo, que conversa com todo mundo, que gosta de todo mundo. E quem sabe não posso dizer que me veem como uma pessoa mascarada?
Realmente, eu sou uma pessoa que se diverte com muito pouco. E, além de tudo, eu gosto de sorrir. E gosto de pessoas. Não vejo motivo pra me privar de conhecer novas mentes, novas ideias, novas visões e entendimentos do mundo. Mas isso não significa, necessariamente, que eu goste de todos. Aliás, tem muita gente que eu não gosto e não faço a mínima questão de manter contato. Mas isso também não significa que eu tenha que tratá-las mal.
Alguém que pensa que sou constantemente simpática... realmente não me conhece. Mas tem razão quando diz que uma hora tudo deve explodir. É CLARO que uma hora tudo explode! A diferença é que são poucos os "privilegiados" que presenciam meus momentos mais frenéticos. Aliás, esses são os que considero mais próximos da minha vida. Os mais presentes, que me conhecem melhor. Os outros que não se ofendam, mas são só "amigos pras horas boas".

Essa semana que passou eu estive mais quieta, mais introspectiva, mais reflexiva talvez. E eu fiquei impressionada com a quantidade de pessoas que vieram me perguntar se estava tudo bem, querendo saber o que eu tinha. Como se o fato de eu não estar sorrindo o tempo todo significasse que havia algo de errado comigo. Ainda vieram me dizer que é estranho (incômodo talvez) não me ver sorrir constantemente. E eu pensei "Caramba! Qual o problema?". Todo mundo precisa de um tempo para si. "E será que agora eu vou ter que sorrir só pra agradar os outros?". Eu não sorrio pelos outros, mas sim por mim. Faz bem a mim tentar ser feliz. Faz bem a mim a diversão. Faz bem a mim tentar não esquentar com pequenas coisas, não me irritar com bobagens.
Já vi tantas pessoas se lamentando o tempo todo de tudo. Esses dias mesmo, no metrô. Uma discussão ridícula às 6:30 da manhã entre um homem e uma moça desconhecidos. Fiquei pensando o quanto as pessoas se desgastam por pouco (pelo que entendi era por causa de um assento). E, depois que a moça saiu, o homem continuou resmungando e xingando-a (pras pessoas ao redor ouvirem, inclusive eu), sendo que ela nem estava mais no trem. Eu simplesmente coloquei meu fone de ouvido e aumentei o volume pra não precisar estragar o meu dia. Mas tenho certeza de que aquele dia praquele homem não foi bom. E por culpa de quem? Dele. E talvez o dia da moça também não tenha sido bom (por culpa dela).

A gente tem o direito de escolher viver bem nas pequenas coisas. Maaaaaaas... O livre arbítrio está aí e viva o direito de ser masoquista! Enquanto isso continuo preferindo meu lema de que sorrir é sempre uma boa opção.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Digressão...

"A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais velho a avisar que a brincadeira já acabou e está na hora do jantar. A vida afinal acontece muito de repente..."

...e deveríamos aprender a acontecer de repentemente com a vida, a brincar o seu jogo.
Talvez ser mais feliz e menos frustrado só dependa de uma coisa: perceber que a "hora do jantar" pode ser tão gostosa quanto uma "brincadeira bem quente".


Sorrir é sempre uma boa opção!